Palestrantes Confirmados

PALESTRANTES EXTERNOS

Prof. Dr. Antonio Gomes de Souza Filho
Universidade Federal do Ceará - UFC

Nanomateriais unidimensionais e bidimensionais sob condições extremas de pressão

Nessa palestra discutimos os resultados obtidos por meio de experimentos e modelos teóricos como alguns nanomateriais unidimensionais e bidimensionais se comportam em condições extremas de pressão. No caso dos sólidos unidimensionais (cadeias atômicas), os espectros Raman ressonante mostram como evolui a estrutura eletrônica e atômica desses nanomateriais à medida que a deformação estrutural aumenta por meio do stress aplicado. No caso dos nanomateriais bidimensionais, é possível sintonizar a ressonância com as transições excitônicas em função da pressão. Do ponto de vista das propriedades mecânicas, demonstramos como é possível medir a adesão dos materiais bidimensionais à uma superfície, como por exemplo um substrato utilizado para suportá-lo.

Prof. Dr. Antônio Sérgio Teixeira Pires
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Topologia em Matéria Condensada

Nos últimos anos surgiu um grande interesse na aplicação de topologia em matéria condensada. Conceitos oriundos da topologia tornaram-se essenciais para a compreensão de vários fenômenos na área. Nesta palestra pretendo fornecer uma breve introdução a alguns métodos em topologia e mostrar algumas aplicações em física da matéria condensada. Entre outros conceitos pretendo abordar: efeito Hall quântico, efeito Hall quântico de spin, invariantes topológicos e correspondência bulco borda.

Profª. Dra. Elis Helena de Campos Pinto Sinnecker
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Tem Menina no Circuito – 10 anos despertando em meninas o gosto pelas ciências

O Tem Menina no Circuito é uma iniciativa fundada por três professoras do Instituto de Física da UFRJ, com o objetivo de despertar em meninas o interesse pelas áreas de STEM e contribuir para diminuir a desigualdade de gênero nas áreas de ciências exatas. Trabalhamos com escolas de regiões de baixa renda, realizando atividades práticas semanais somente para meninas. Procuramos despertar em nossas meninas a sensação de pertencimento ao ambiente universitário, promovemos visitas a universidades e centros de pesquisa, além de outras atividades destinadas a empoderar as meninas. Este ano o TMC completa 10 anos de existência e, nessa palestra, vou apresentar as diferentes estratégias que testamos ao longo dos anos, discutindo os acertos e erros de nossa iniciativa.

Profª. Dra.  Fernanda Selingardi Matias
Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Física aplicada à neurociência: simulação computacional e análise de dados

O cérebro é um dos melhores exemplos de um sistema complexo fora do equilíbrio a ser estudado pela ciência. Utilizando ferramentas de dinâmica não-linear, análises estatísticas e redes complexas, diversos avanços no entendimento da dinâmica e da conectividade cerebral foram obtidos nos últimos anos. As aplicações desse conhecimento abrangem desde melhores diagnósticos de doenças neurodegenerativas e distúrbios neurológicos até avanços tecnológicos como a interface cérebro-máquina para controle biomecânico. Alguns dos fenômenos mais observados na atividade elétrica de grupos de neurônios durante processos cognitivos é a oscilação em bandas de frequência específicas, a sincronização da atividade oscilatória de regiões corticais e sub-corticais e assinaturas de criticalidade. Neste seminário vou apresentar modelos de populações neuronais que exibem alguns desses fenômenos e compará-los com dados eletrofisiológicos de humanos e outros animais. Em particular vou mostrar resultados recentes do nosso grupo sobre entropia e complexidade do sinal cerebral em diferentes estados corticais e tarefas cognitivas.

Profª. Dra. Leticia Ribeiro de Paiva
Universidade Federal de São João Del-Rei - UFSJ

Física, Cupins, e a Maternidade na Ciência 

O movimento de organismos, particularmente insetos sociais, é rico em diversidade e surpreendentemente complexo. Ao longo dos últimos anos [1-5], nosso grupo tem explorado os padrões de movimento de cupins (que são insetos sociais) caminhando em arenas fechadas. Buscando por comida, ou outros cupins com os quais interagir, ou simplesmente caminhando em placas de Petri, cupins executam vários passos pequenos intercalados com raros passos muito longos. Esse padrão, conhecido como caminhada de Lévy, é observado em diversos animais. Por meio de distribuições de tamanhos de passos, mostramos [2] que tais caminhadas emergem com o aumento das interações sociais. Observamos esse fenômeno em dois arranjos experimentais distintos, e propusemos dois modelos diferentes capazes de descrever bem os resultados empíricos que obtivemos, sugerindo que a emergência das caminhadas de Lévy em cupins não depende da forma particular com que os cupins interagem. Essa robustez torna nossos resultados ainda mais significativos, e sugere que eles possam ser aplicados a outros insetos sociais. Para explorar os mecanismos responsáveis pela emergência das caminhadas de Lévy, usamos recentemente [5] o algoritmo de visibilidade para converter as séries temporais de tamanhos de passos dos cupins em uma rede complexa, usando as técnicas e foco da teoria de grafos para caracterizar tais séries. Enquanto para cupins isolados observamos um decaimento exponencial na distribuição de conectividade, para os grafos obtidos do rastreamento de cupins que estavam em grupos, a distribuição de conectividade exibe um decaimento em lei de potência, indicando efeitos coletivos emergentes das interações não-triviais entre os insetos. Além disso, nossos resultados sugerem que tal complexidade é maximizada para densidades intermediárias de cupins. Finalmente, apresentarei sobre o ”Parent in Science” [6], um movimento que surgiu com o intuito de levantar a discussão sobre a parentalidade dentro do universo da academia e da ciência. Fomos pioneiras no levantamento de dados para avaliar as consequências da chegada dos filhos na carreira científica de mulheres e homens, em diferentes etapas da vida acadêmica. Nossas ações levaram a mudanças concretas no cenário científico brasileiro, trazendo a maternidade para o centro da discussão.

 1. O. Miramontes, O. DeSouza, L. R. Paiva, A. Marins, and S. Orozco, PLoS ONE 9, e111183 (2014). 

2. L. R. Paiva, A. Marins, P. Cristaldo, D. Ribeiro, S. Alves, A. Reynolds, O. DeSouza, and O. Miramontes, PNAS 118 (20), e2004369118 (2021). 

3. A. Marins, P. F. Cristaldo, L. R. Paiva, O. Miramontes and O. DeSouza, Braz. J. Bio. 83 (2023). 

4. J. Castiblanco, P. Cristaldo, L. R. Paiva, and O. DeSouza. J. Theor. Biology (2022). 

5. L. R. Paiva, S. G Alves, L. Lacasa, Og DeSouza and O. Miramontes. J. Phys. Complex. 3 04LT03 (2022). 

6. parentinscience.com

Prof. Dr.  Lucas Alvares da Silva Mól
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

De vórtices a monopolos magnéticos: Algumas contribuições do prof. Afranio Pereira

Em comemoração aos 60 anos do prof. Afranio Pereira irei apresentar parte de suas contribuições científicas no entendimento do comportamento de excitações topológicas em sistemas magnéticos bidimensionais. Em especial, apresentarei resultados que obtive sob sua orientação a cerca do comportamento de excitações tipo vórtice e sólitons na presença de impurezas magnéticas. Discutirei também a existência de excitações do tipo monopolos magnéticos e as cordas de Nambu que os conectam em gelos de spin artificiais. Não pretendo nessa breve apresentação discutir toda sua contribuição para área, mas apenas tentar demonstrar como que através de sua visão perspicaz conseguimos alcançar um maior entendimento sobre alguns efeitos extremamente relevantes na área de nanomagnetismo.

Prof. Dr. Olival Freire Junior
Universidade Federal da Bahia - UFBA

Do debate sobre interpretações à informação quântica - Sobre os experimentos de Alain Aspect e o Prêmio Nobel 2022

Os três experimentos de Alain Aspect sobre o Teorema de Bell, publicados no início dos anos 1980, foram um ponto de virada na história da pesquisa sobre os fundamentos da mecânica quântica não apenas porque eles corroboraram o entrelaçamento quântico como propriedade especificamente quântica, mas também porque esses experimentos trouxeram amplo reconhecimento a esse campo de pesquisa e ao próprio Aspect. Esses experimentos podem ser considerados os precursores mais diretos da pesquisa sobre informação quântica, a qual floresceria uma década depois. Estes experimentos estão na base da atribuição do Prêmio Nobel de Física de 2022 a John Clauser, Alain Aspect e Anton Zeilinger.

Profª. Dra.  Silvania Sousa do Nascimento
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

A contribuição da Física na Comunicação Pública das Ciências

O discurso disciplinar da Física foi considerado até o século XX um modelo para a ciência ocidental. A epistemologia dessa ciência trouxe para o debate público novas formas de interagir com o tempo e o espaço, criando outros modos de produção de sentidos e de subjetividades. A relação entre os humanos e não humanos (1) desafia a compreensão do cidadão moderno e as diretrizes curriculares para a formação do Físico, juntamente com a profissionalização do campo nos desafiam a pensar em caminhos alternativos para a comunicação e a definição de objetos didáticos (2). Enquanto profissional que investiga a Educação Científica e a Comunicação Pública das Ciências, em minha fala, analisarei documentos curriculares de forma a destacar as tendências da formação profissional do Físico no que se refere à Comunicação Pública das Ciências, o protagonismos juvenil (3)  e suas implicações nas interações com os problemas complexos contemporâneos. 




PALESTRANTES INTERNOS

Prof. Dr.  Afranio Rodrigues Pereira
Universidade Federal de Viçosa - UFV

2001: uma odisseia no Espaço-Tempo

Crida no primeiro ano do século XXI, a jovem pós-graduação em física da UFV percorre sua geodésica num espaço-tempo relativístico, onde passado, presente e futuro ainda se misturam, podendo ser analisados do ponto de vista material.

Prof. Dr.  Alexandre Tadeu Gomes Carvalho
Universidade Federal de Viçosa - UFV

Oferta de atividades experimentais para o ensino remoto da Física

O isolamento social causado pela pandemia do Coronavírus forçou mudanças na dinâmica escolar; o ensino presencial foi substituído pelo ensino remoto, ou seja, por atividades de ensino que articulam a mediação pedagógica à mediação tecnológica de diferentes tipos, fundamentada nos pressupostos da educação presencial. Trataremos aqui da construção e oferta de atividades experimentais para o ensino remoto da Física, em modo investigativo, usando a linguagem da hipermídia. Aprender é algo que vai além de conhecimento intelectual e conceitual, exigindo também mudança ou desenvolvimento de habilidades e atitudes. No sentido de promover a aprendizagem, as atividades experimentais acionam variadas formas de conexão e acesso cognitivo, além da audição e visão. Investigamos a apropriação das teorias de aprendizagem pelo ensino remoto e a utilização destas teorias na construção de hipermídia composta por diversos objetos de aprendizagem. Nossas investigações revelaram que a produção de uma hipermídia requer um planejamento meticuloso, considerando as teorias de aprendizagem, a disponibilidade de objetos de aprendizagens, o público alvo e a carga cognitiva a que este fica sujeito. Para que um ambiente de aprendizagem proporcione a aprendizagem significativa de conceitos é necessária a organização de uma metodologia adequada dos conteúdos. Sua construção deve priorizar os conceitos mais gerais e inclusivos e, a partir deles e por meio do uso de recursos que facilitem a aquisição do conhecimento, chegar aos mais específicos. Utilizando o software PADLET elaboramos aulas em hipermídia; nove aulas abordando tópicos do Eletromagnetismo e uma abordando a introdução à Física Moderna. Cada aula era composta por diversos objetos de aprendizagem: (a) aulas narradas, (b) textos, (c) filmes de curta duração exibindo experimentos de fácil construção que produzidos ou que encontramos com livre acesso na web, (d) simulações computacionais de livre acesso e (e) laboratórios virtuais e/ou remotos. O laboratório virtual pode ser pensado de duas maneiras diferentes, por um lado simulações, que recriam situações físicas idealizadas de modo a facilitar a interpretação de um fenômeno físico e, por outro, os experimentos filmados, que usam situações físicas reais, e podem servir de base a uma análise tanto qualitativa como quantitativa. O laboratório remoto é aquele no qual equipamento real de laboratório é acessado através da Internet. O usuário opera e controla remotamente um experimento real através de uma interface de experimentação. As hipermídias produzidas foram aplicadas durante a pandemia ao ensino de turmas de graduação, alcançando resultados percebidos pelos professores como animadores; entretanto, a obtenção de resultados mais robustos e criveis demanda uma testagem sistemática e mais prolongada.

Profª. Dra.   Anésia Aparecida dos Santos
Universidade Federal de Viçosa - UFV

Multidisciplinaridade e aplicabilidade da pesquisa

A multidisciplinaridade tem sido muito discutida nos últimos tempos. Nesta oportunidade, abordaremos nosso exemplo de interação entre as Ciências Biológicas (Biologia celular) e a Física na ampliação do conhecimento. Os pesquisadores da área biológica exploram os processos fundamentais que ocorrem dentro e entre as células, neste contexto, a abordagem física pode oferecer insights valiosos que nos revelam detalhes sobre as propriedades físicas das estruturas celulares, descrição da biomecânica celular e também inferir acerca de estratégias inovadoras para intervenções terapêuticas.

Prof. Dr.  Eduardo Nery Duarte de Araújo
Universidade Federal de Viçosa - UFV

Grafeno Modificado por Aptâmeros para Aplicações no Biosensoriamento

Nos últimos anos, diferentes compósitos à base de nanomateriais de carbono têm sido propostos para aplicações tecnológicas, como resultado de investigações científicas usando tanto técnicas teóricas quanto experimentais. Isso permite a manipulação de propriedades eletrônicas e ópticas em nível nanométrico, levando a diversas aplicações como, por exemplo, em pontos quânticos de carbono altamente fluorescentes, transistores à base de grafeno com alta razão dos estados ligado/desligado (ION/IOFF) e nanocompósitos com alta resistência mecânica. No presente trabalho, são apresentados resultados referentes ao estudo das propriedades eletrônicas do grafeno para aplicações na área de Ciências da Vida. O grafeno exibe alta mobilidade dos portadores de carga, alta área superficial, além de biocompatibilidade com DNA, anticorpos, enzimas e proteínas. Devido a isso, este material tem sido modificado usando biomoléculas para aplicações como plataforma para a identificação de uma variedade de doenças e patógenos em biossensores com alta sensibilidade e seletividade. Neste trabalho foram produzidos transistores de efeito de campo à base de grafeno CVD por meio da técnica de litografia óptica. Usando as técnicas de PCR quantitativo em tempo real (qPCR) e microscopia de força atômica (AFM), nós mostramos a eficiência de modificação da superfície do grafeno com aptâmeros específicos para Staphylococcus aureus (SA20). A partir de caracterizações elétricas, mostramos que há uma clara distinção entre a detecção da bactéria alvo (Staphylococcus aureus ) e a bactéria de controle (Escherichia coli).

Prof. Dr.  Marcelo Lobato Martins
Universidade Federal de Viçosa - UFV

A rebelde, o mestre e o papel social do vetor de Poynting

Como homenagear um colega morto? Bradando aos quatro ventos suas muitas realizações singulares ou refletindo em silêncio sobre seus sonhos? A primeira estratégia é segura porém superficial. Permite quantificar, hierarquizar e reduzir todos a engrenagens de uma máquina poderosa, inumana. A segunda é experiência subjetiva e circunscrita aos que conheceram suficientemente o homenageado. Ela não produz informação nova capaz de afetar a trajetória de outros. Portanto, não serve ao propósito deste Simpósio. Contudo, existe uma terceira via que faz uma inferência arriscada: derivar sonhos a partir de algumas ações concretas. Em conformidade,  recordaremos brevemente a atuação do nosso brilhante colega José Arnaldo Redinz desde sua chegada à UFV e apontaremos como ela sustentou e consolidou as bases filosóficas que norteiam a caminhada do DPF. Se decepcionará aquele que espera uma argumentação lógica, porque contradições são inerentes às ações humanas. Tampouco a análise será isenta. Ao contrário, será engajada como era o professor Zé Arnaldo no projeto de promover o encontro do Brasil com ele próprio, educado, igualitário, desenvolvido e soberano.

Profª. Dra.  Mariana da Costa Novo Pimenta Brandão
Universidade Federal de Viçosa - UFV

Nanoestruturas coloidais luminescentes: propriedades e aplicações

A nanotecnologia não se limita apenas ao tamanho, mas às propriedades físicas, químicas, biológicas e ópticas únicas que surgem naturalmente quando se trabalha com materiais com tamanhos da ordem de nanômetros. Nanoestruturas luminescentes, em especial pontos quânticos, são materiais nanométricos que têm atraído crescente interesse devido às suas notáveis propriedades ópticas e uma ampla gama de aplicações promissoras. Nanopartículas fabricadas de materiais semicondutores, de polímeros conjugados e de carbono vêm sendo desejadas por diversas razões, uma vez que suas propriedades podem ser facilmente ajustadas para aplicações. Ademais, na busca de dispositivos com características físico-químicas cada vez melhores, é possível combinar diversos tipos de substâncias e formar  nanocompósitos com propriedades notáveis.  Nossa equipe tem se dedicado à produção de uma variedade de pontos quânticos, bem como ao estudo de suas propriedades físicas fundamentais e da interação da radiação com esses materiais nanoestruturados e/ou nanocompósitos. Utilizando técnicas como fotoluminescência de estado estacionário e resolvida no tempo, buscamos desvendar as características intrínsecas e o comportamento dinâmico desses nanomateriais e suas aplicações.

Prof. Dr.  Rafael Otoniel Ribeiro Rodrigues da Cunha
Universidade Federal de Viçosa - UFV

Estudo da conversão de corrente de spin em corrente de carga e a dinâmica de transferência de carga em heteroestruturas de grafeno/WS2 à temperatura ambiente

Mostraremos um estudo sobre a conversão de corrente spin em corrente de carga em uma heteroestrutura composta pelos materiais bidimensionais grafeno e dicalcogeneto de metal de transição (WS2). Nesta combinação, é conhecido que a eficiência desta conversão de corrente é aumentada, mas ainda carece de estudo mais aprofundado para explicar a fenomenologia por trás. Neste trabalho verificamos um aumento de sete vezes na eficiência da conversão de corrente spin em corrente de carga quando o WS2 está em contato com o grafeno. A corrente pura de spin foi produzida através da técnica de ressonância ferromagnética pela precessão de spin do filme permalloy (Py-Ni81Fe19) e injetada na heteroestrutura grafeno/WS2 pelo processo de spin pumping. A conversão de corrente spin em corrente de carga na heteroestrutura é atribuída aos efeitos Hall de spin inverso (ISHE) no WS2 e Rashba-Edelstein inverso (IREE) na interface das lamelas de WS2 e do filme de grafeno. Para entender melhor esse fenômeno, fizemos uma investigação da dinâmica de transferência de carga nas ligações de Van der Waals da heteroestrutura através da abordagem de core-hole-clock (CHC), usando o tempo de vida do estado core-hole S1 como referência. Os resultados obtidos a partir de estudos de spintrônica e de CHC mostram que a conversão de corrente de spin em corrente de carga e o processo de transferência de carga são mais eficientes na heteroestrutura grafeno/WS2 quando comparados com filmes isolados de WS2 e de grafeno. Esses resultados também foram confirmados por cálculos da teoria do funcional da densidade (DFT). 

Prof. Dr.  Tiago José de Oliveira
Universidade Federal de Viçosa - UFV

20 anos de IC na UFV: Algumas memórias sobre a orientação/colaboração com o Prof. José Arnaldo Redinz

Para celebrar a sua vida e obra, nesta apresentação eu farei um breve tour pelos trabalhos que desenvolvi com o Prof. Zé Arnaldo. Essa história teve início em 2003, quando comecei a trabalhar sob sua orientação, na condição de aluno de IC, estudando problemas relacionados ao crescimento de interfaces. O Zé Arnaldo foi um dos pioneiros nessa linha de pesquisa no DPF/UFV e ela acabou se tornando muito importante em nossa pós-graduação, envolvendo diversos professores (inclusive com algumas colaborações entre teóricos e experimentais), com várias teses e dissertações defendidas no assunto e algumas dezenas de artigos publicados (alguns de bastante impacto). A ideia proposta pelo Zé Arnaldo para o meu projeto de IC foi tentar misturar caos com crescimento de interfaces, usando para isso o mapa logístico. Apesar de encontrarmos uma série de resultados interessantes, tudo parecia muito exótico e sem muita conexão com os crescimentos encontrados na natureza. Então, nós começamos a estudar modelos de crescimento competitivos (abandonando o caos); um assunto que estava muito em alta naquele momento. Tendo como base alguns modelos da literatura, nós concluímos a IC propondo três novos modelos competitivos na minha monografia de fim de curso. Os resultados para um deles foram publicados no ano seguinte [Phys. Rev. E 74, 011604 (2006)], confirmando numericamente algumas teorias de escala. Quando eu retornei para o DPF/UFV em 2010, nós voltamos a estudar outro desses modelos, que envolvia a competição entre a deposição de partículas muito energéticas e partículas pouco energéticas. Esse problema foi passado para o estudante Juvenil Oliveira Filho, que estava iniciando o mestrado sob orientação do Zé Arnaldo. Além da dissertação do Juvenil, os resultados desse estudo foram reportados também em [Physica A 392, 2479 (2013)]. O terceiro modelo, onde analisamos o "etching" de um substrato na presença de uma camada de partículas (fracamente ligadas) adsorvida sobre ele, apresenta uma série de resultados interessantes como, por exemplo, um pseudo-estado estacionário na dinâmica de crescimento. Como forma de homenagear o Zé Arnaldo, eu espero concluir este trabalho e publicar os seus resultados em breve.

Prof. Dr.  Oswaldo Monteiro Del Cima
Universidade Federal de Viçosa - UFV

Ao Mestre, com carinho: uma digressão sobre dimensão espaço-temporal em Física 

Homenagem aos 80 anos do Prof. Olivier Piguet

Há um século, Kaluza e Klein, em busca da unificação entre a eletrodinâmica clássica de Maxwell e a gravitação de Einstein, estenderam a dimensão espaço-temporal de quatro para cinco. No entanto, quarenta anos depois, Schwinger reduz a dimensão espaço-temporal de quatro para duas, propondo a eletrodinâmica quântica em duas dimensões espaço-temporais, primeiro exemplo de uma teoria confinante e da não incompatibilidade entre invariância de gauge e campo de gauge massivo. A eletrodinâmica quântica em três dimensões espaço-temporais (QED3) estabeleceu-se há cinco décadas como base teórica, tanto para a descrição de fenômenos na escala de comprimento de femtometro, quanto na descrição daqueles em escala de angstrom. Desde os trabalhos pioneiros de Polyakov, 't Hooft, e Schaposnik, no final da década de 1970, buscou-se por meio da QED3 a descrição de fenômenos na ordem de GeV, como o confinamento dos quarks nos hádrons. Posteriormente, na mesma década, os trabalhos de Hosotani, Fradkin e Susskind, e Minnhagen, tinham como objetivo descrever fenômenos em matéria condensada, portanto na ordem de eV, como o efeito Josephson, ordem e disordem em sistemas magnéticos, e a transição de Kosterlitz-Thouless (Prêmio Nobel de 2016). Em 1979, no âmbito da supersimetria, Siegel propôs um modelo no superespaço que gera massa para o campo de gauge por meio de um termo topológico (Chern-Simons), sem a quebra da invariância de gauge, portanto o paradigma da invariância de gauge implicar em campos de gauge de massa nula estava novamente quebrado. No início da década de 1980, Schonfeld e, Deser, Jackiw e Templeton, terminam por fundamentar e formalizar as bases da eletrodinâmica quântica e da gravitação em três dimensões espaço-temporais, estabelecidos estavam os alicerces do mundo planar -- a "planolândia". Pouco mais de um ano após, Laughlin, Anderson e Haldane, descrevem o recém descoberto efeito Hall quântico fracionário (Prêmio Nobel de Física 1998), a "planolândia" parecia então não ser apenas elucubração teórica. Finalmente, no início deste milênio, Geim, Novoselov e colaboradores, realizam o devaneio de alguns teóricos, descrevem o grafeno como um material "estritamente bidimensional" (Prêmio Nobel de Física 2010), portanto a "planolândia" é uma realidade física. Como motivação final desta digressão sobre dimensão espacial em Física, em homenagem aos oitenta anos do Prof. Olivier Piguet, a "pontolândia" -- o mundo zero-dimensional -- faz-se "luz" por meio dos pontos quânticos, descobertos e sintetizados por Bawendi, Brus e Yekimov na década de 1980 (Prêmio Nobel de Química 2023).